terça-feira, 19 de junho de 2012

Ariel whispered: "I understand what I am doing; I am falling. Going down, subtle and painfully. I have been there before, among the heap of moss and damp earth attaching to my body. Getting stuck in this place was never my main goal and I certainly do not want to reach this bottom again. 

 ...So, I called the angel."

Then Caliban took control.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Nós somos os filhos do alvorecer. Os excomungados. Aqueles dos quais te protegeste no cair da noite, sob as inúteis mantas tecidas em cetim.

Ao avançarmos, decaímos, mas ainda somos dotados de uma beleza imensa, inerte, intocável a qualquer dedo humano ou inumano. Tentais fazer de ti um reflexo das nossas palavras, mas nada mais és um pequeno aprendiz. Se acaso a ti possamos denominar aprendiz.

A todos vós, convido ao teatro da vida. Sentem-se, acomodem-se. O espetáculo começa tão logo as cortinas subirem e, meus queridos telespectadores, elas não se fecham nunca mais.

Não deixem-me desperto por mais tempo do que se faz prudente arriscar. São vidas reais que aqui são consideradas.

domingo, 24 de outubro de 2010

Copiii întunericului.

Vós sois os filhos de Caim, os renegados. Eu estava lá quando tua carne ressecou, quando vossa existência tornou-se putrefata e a repugnância adentrou aos vossos orbes talhados, encarando ao vazio dentro de cada gota puríssima de orvalho que subsistia a grama verdejada. Eu estava presente quando refugiaram-se aos becos e a escuridão a qual foram fadados. Eu vi o destroçar de almas inocentes e presenciei toda a ascensão do terror ante as amedrontadas faces humanóides. Teus poderes amaldiçoados a mim não se podem comparar, jamais obtivemos o mesmo impacto, embora a nossa destruição fosse em suma de uma semelhança sutil. Vós sóis as crianças da escuridão, fadados eternamente a caminhar sobre os rochedos deste mundo. E eu sou o Senhor da Escuridão, fadado eternamente a observá-los em companhia.

sábado, 9 de outubro de 2010

O beijo do Vampiro.

1/31.


Eram tempos em que a escuridão reinava em decreto e lei, e ser o Senhor dos Tempos talvez lhe trouxesse apenas frascos empoeirados transpostos em amargura. Os becos álgidos imersos a maré cinza soavam-lhe atraentes como deleitoso passatempo humano. Caracterizava a cada doentio amanhecer o idealizar de teus sadistas prazeres. Desmembrar a cada habitante que por ali sofria por refúgio, arrancar-lhes aos corpos atarefados um vocábulo gentil, um grito prazeroso e uma proporção abusiva de puro sangue. Rasgar-lhes a pele, romper-lhes os canais venosos, coletar-lhes, ainda quente, e consumir-lhes enquanto fresco, bebericando ao veneno em via da própria fonte.

Onde estaria a sua doce donzela, agora, se não chorando aos teus braços enquanto rogava-lhe por todo o amor que pudesse disponibilizar-lhe? Onde estaria, senão deleitando-se aos olhos profundos, ao desejo sutil, a lúgubre proposta que lhe tentava além de teus próprios valores familiares e todo o costume pregado pelas clássicas gerações de tua prodigiosa antecedência? Oh, mas que renome deveria sustentar! E entregava-se assim, sem temer ou reconsiderar, elevando o seu tom de voz a cada ínfimo toque, a cada penetrada elaborada, a cada mordiscar de seus lábios carmesim. Deixando fluir em procedência todo o seu nobre sangue, deixando escapar por entre as tuas coxas o néctar bem aventurado, tua pureza despencando-lhe ao que o sublime par de olhos amendoados empenhava-se em analisar o cenário desdenhoso, sem lençóis de pura seda ou vinhos caros. Desmerecida em um conjunto de paredes grotescas; o odor asqueroso que poluía o ar adentrando-lhe ao nariz fino, outrora farejador do mais requintado perfume parisiense. Disputando espaços entre os ninhos de ratos, a ameaça constante da doença impregnada, o leque caído em meio às poças que possuíam a ela todas as cores que poderia distinguir, exceto a da pura água consumível com a qual poder-se-ia banhar. E, por deus, como aquilo a agradava.

Onde repousaria a sua bela donzela, agora, tão logo lhe roubada a essência e usufruídos todos os encantos, senão no fundo de la Seine? Oh, como doía-lhe desfazer-se de tamanha beleza como aquela. Ao pálido pescoço marcava-se o último beijo, recortado em sua nudez explicita. E que obra de arte, que maravilhosa sensação de êxtase tomava-lhe por toda a extensão corpórea ao momento que deixava-lhe vagar, indefinidamente! Eram tempos em que a escuridão reinava culminante por decreto e lei, e ser o Senhor dos Tempos talvez não lhe fosse assim, tão amofinado.

domingo, 3 de outubro de 2010

Comedie a vieţii.

Estou presente no teu medo e nos cantos obscuros entre as paredes rígidas dos teus aposentos. Eu sou a tua infância desestruturada e o teu fim questionável. Eu te protejo do ranger do mundo e te empurro rumo ao abismo envenenado. Eu te encorajo a tomar o caminho mais confortável e te espero no fim da estrada tortuosa. Eu sou as tuas lágrimas e o sangue que vaza tuas veias. Estou presente no teu sonho doce e no teu temível pesadelo. Eu sou as mãos que matam, as ataduras que ferem e o dedo enviesado no gatilho. Eu sou a tua estória descrita em detalhes.

Sorri-me, os olhos que matam. Estou disposto a confrontá-los nos teus mais desígnios desprazeres. Encontro os teus desejos no fundo de pilhas suntuosas repletas de lixo; os teus objetivos nulos repelem toda a tua grandeza, inerte em vozes estrangeiras e vazias. Tom sobre tom. Estou presente em cada nota desferida no piano gotejado em sangue, estou presente em cada célula solitária e em cada conjunto de decepções carnais. Eu sou o ar destrutivo que enche-te os pulmões a cada respiração intricada. Eu sou o caminho que tu decides tomar.

Pois no fim, caríssimos, me é designado a irrevogável repulsa e o descrever de cada cena. Todas as vossas vidas destruídas em pedaços insignificantes e costuradas em meio a palavras maquinadas. Este é o meu cargo até o fim dos tempos. Contemplem, pois, o primeiro ato e desprendam-se dos vossos medos risíveis. Todos os finais são, em suma, bastante semelhantes.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Retalhos, sombras e vestígios.

Vazias as veias, vazio o corpo, a ausência da alma.
Fora-me vetada a capacidade de frustrar-me e derramar dos olhos doces e quentes lágrimas de pesar. Esculpia a mim mesmo a imagem de tantos outros que por estes vales caminharam deixando por entre os trechos devastados vestígios de seus valores, pouco estimados neste mundo, carregando nos olhos os fragmentos de toda a bravura, toda a honra e todos os costumes – a serem abandonados um a um, com a decorrência tola de uma flecha errônea ou uma faca que lhes arrancava fora o coração, ainda palpitante. E que banquete!, diriam os nobres. Para os que já estiveram no inferno e lhe deram as costas, ser atingido por um projétil nojento era quase como uma ofensa carregada de um humor sutil.

Nós habitamos cada fresta pútrida desta cidade e amamos cada pedacinho de tudo em que se repouse as obras putrefatas de ambição humana não recompensada; desde o primeiro esboço sobre a estrutura de madeira até a última demão de tinta que viria a descascar com o passar de uma média anular relativamente curta, aos olhos terrestres. Ao meu titulo de observador, não era atribuído que lhes demonstrasse afeto ou denotasse quaisquer detalhes que me apegassem aos teus movimentos sutis, mas, querido, todos acabarão vindo ao meu encontro, cedo ou tarde.

Todos nós estamos respirando a morte – mas somos poucos os que detectam a sua presença na ausência de todas as outras coisas, e conflitamos-na em um jantar elegante sob o manto da noite.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Do ato de observar.

A soberania englobava-nos a cabeça. Relutei por repousar sobre aquele trono, padecendo as necessidades mortíferas do reino que subsistia sob minhas pálpebras. Peças de xadrez esperando para serem movidas, incapazes de caminharem sozinhas por uma ou duas casas sem auxilio prévio.

A raça humana me envergonhava.